DIREITO
À EDUCAÇÃO, DEVER DO ESTADO, DIREITO E RESPONSABILIDADE DE TODOS
*Geovane
Lima; e
*Leandro
Sousa
De
conhecimento de todos que no decorrer do ano de 2012, os Fóruns e Redes de
Cidadania do Maranhão, a Cáritas Brasileira Regional Maranhão, a ASP-
Associação de Saúde na Periferia, além é claro do apoio de outras inúmeras
organizações da sociedade civil em todo o estado como foi o caso da ONG OCCIS,
organizaram a Campanha Estadual pelo Direito Humano à Educação Pública,
Gratuita e de Qualidade.
O
pontapé inicial se deu no dia 16 de março daquele ano, na comunidade Vinhais
Velho, naquela data foi o encontro de duas lutas a campanha sobre o direito
humano à educação e o repúdio à famigerada via expressa levada a cabo pelo
governo do estado do Maranhão, desrespeitando e violando direitos de centenas
de pessoas. Depois disso, foram feitos vários lançamentos municipais, em Santa
Luzia correu no dia 30 de março de 2012, no Centro de Formação da Paróquia de
Santa Luzia, na ocasião contou-se com o apoio da Igreja Católica, Rádio Dom
Romero, SINTRAED, Associação Comercial e Pastoral da Educação.
A
Campanha Popular pelo Direito Humano à Educação Pública, Gratuita e de
Qualidade objetiva fazer uma discursão ampla com a população maranhense a cerca
deste direito fundamental, bem como fazer um levantamento dos dados reais do
sistema educacional do Maranhão. Após feito esse levantamento, as organizações
promotoras irão encaminhar as irregularidades
encontradas aos órgãos públicos de controle e fiscalização, principalmente o
Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Controladoria Geral da União – CGU, o
Tribunal de Contas da União – TCU, dando conta do montante de recursos públicos
que são desviados e malversados destinados a garantia do direito humano à
educação.
QUADRO DESOLADOR
– Depois de meses de levantamentos de dados, temos percorrido várias regiões do
estado, realizado reuniões, audiências públicas, marchas da cidadania, feito
filmagens, realizado o mapa fotográfico educacional, ouvido centenas de
depoimentos de pais, alunos e profissionais da educação, bem como encaminhado
para o Ministério Público Estadual dezenas de representações; pode-se afirmar
que o quadro educacional do Maranhão é desolador.
Escrevemos
a partir de uma realidade em especial, qual seja, a do município de Santa
Luzia. No entanto, sabemos que a realidade dos municípios maranhenses é
praticamente a mesma, pois os gestores públicos têm como única deliberação
roubar dinheiro público, mormente da política de educação, visto ser uma das
pastas que mais recebe transferências do governo federal.
Depois
de realizadas reuniões em dezenas de povoados do município de Santa Luzia,
pode-se afirmar sem titubear que as principais violações e negações de direitos
relacionados ao direito humano à educação são às seguintes:
a)
TRANSPORTE
ESCOLAR – que na maioria dos povoados inexiste, e quando
oferecido a regra geral são paus–de-arara, colocando em risco a integridade
física e a vida de centenas de estudantes. Na maioria das vezes estes
transportes são pagamentos de aliados políticos, já os ônibus de uso exclusivo
de transporte escolar serve quase sempre de meio para os aliados fazerem
passeios turísticos;
b)
ALIMENTAÇÃO
ESCOLAR – em muitas escolas principalmente da zona rural
aconteceu que durante o ano letivo de 2012, o não recebimento da alimentação,
aonde foi oferecida aconteceu de forma irregular, sem o devido acompanhamento
de profissional nutricionista, além dos produtos serem de péssima qualidade,
quase sempre produtos industrializados;
c)
ESTRUTURA
FÍSICA DAS ESCOLAS - a estrutura física em sua grande maioria
encontra-se em situação extremamente precária, algumas já oferecendo risco à
integridade física dos estudantes e profissionais da educação. Com prédios
abandonados pela administração pública há anos, em muitos povoados as aulas
funcionam em casas inadequadas alugadas de aliados políticos como, por exemplo,
nos povoados Igarapé das Lages e Centro do Hermógenes.
Nos
povoados em que existem prédios escolares em grande parte as salas de aula são
insuficientes a exemplo dos povoados Campo Grande que tem apenas 3 (três) salas
no prédio escolar enquanto havia 7 (sete) salas funcionado em barracões e casas
de famílias de aliados do prefeito. Outra situação grave é a do povoado Duas
Barracas que só conta com 2 (duas) salas e para atender a demanda de alunos,
estes são colocados na mesma sala e no
mesmo horário, sendo alunos de séries diferente, no repudiado sistema de multisseriado.
d)
CONTRATOS
IRREGULARES – no que diz respeito às contratações
irregulares, a secretaria de educação é onde se aloca a maioria dos aliados
políticos, fazendo da administração pública verdadeiro “cabide de emprego”, com
contratações ilegais de professores, auxiliares de serviços gerais, vigias
dentre outros. Boa parte do quadro de funcionários de todas as escolas está em
regime de contrato, muito deles recebendo menos de um salário mínimo,
precarizando ainda mais o serviço público.
e)
CALENDÁRIO
ESCOLAR – em relação ao planejamento escolar o sistema
educacional é uma verdadeira bagunça. Para se ter uma idéia, nenhuma escola
durante o ano passado cumpriu o mínimo exigido pela legislação, que é de 200
dias letivos. Para afirmar o acima dito, na Escola Dehon Ensino Fundamental no ano de 2012, teve apenas 47
(quarenta e sete dias) letivos, e mesmo nessa situação, foi concedido boletim
escolar aos alunos como se estes tivessem cursado todas as matérias
curriculares.
MAIS DO MESMO
– quem não lembra da secretária de educação na administração do prefeito Márcio
Rodrigues? Isso, ela mesma, senhora Francinete Torres do Vale Rocha (Professora
Fran). Na administração passada, mesmo sabedora do caos que é o sistema
educacional de Santa Luzia resolveu compactuar durante três anos, só “rompendo”
com o governo por conveniências políticas. Pois até agora não se tem notícia de
que a mesma tenha feito alguma representação contra o gestor passado, o máximo
que fez, à época, foi acusá-lo de centralizador e de não oferecer condições
para atender as reais necessidades da educação do município.
Pelo
andar da carruagem a atual gestão municipal não se diferenciará muito da
passada. Para se ter uma idéia, como já dito, mesmo tendo conhecimento das
condições do sistema educacional de Santa Luzia a secretaria não fez nenhum
planejamento, sobretudo em relação à estrutura física das escolas, bem como
quanto aos profissionais da educação, do transporte escolar e outras
providências necessárias para cumprir o calendário escolar conforme a
legislação. De tempo não pode queixar-se, já que desde outubro de 2012, já
sabiam de antemão o que deveriam realizar, agora já resta comprometido o
calendário escolar de centenas de estudantes.
Para
se ter uma noção da gravidade das trinta e quatro escolas visitadas pela ONG
OCCIS e pelos Fóruns e Redes de Cidadania de Santa Luzia nestes primeiros
meses, todas sem exceção, encontra-se com alguma irregularidade.
FISCALIZAÇÃO IMPLACÁVEL
– importante que todos saibam que o município de Santa Luzia foi escolhido esse
ano de 2013 como município modelo de fiscalização pelos Fóruns e Redes de
Cidadania do Maranhão, isso, implica em dizer que durante todos os dias do ano
haverá fiscalização implacável das autoridades desta municipalidade. Não só
isso, percorremos todos o povoados e bairros deste município, a fim de que o
dinheiro público não seja roubado e que o direito seja garantido para
concretização da dignidade de todos os luzienses. Essa será a tarefa de toda a
cidadania.
*Geovane Lima – Presidente da ONG OCCIS e membro da Coordenação
Estadual dos Fóruns e Redes de Cidadania do Maranhão; e
*Leandro Sousa – Estudante do Ensino Médio e membro da Coordenação
Estadual dos Fóruns e Redes de Cidadania do Maranhão.
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