sexta-feira, 29 de abril de 2011

Um Grito Por Justiça Social: Região do Campo Grande.

Quem teve ou tem alguma coisa para resolver nas comunidades da região do Campo Grande, certamente, passa muitos dias pensando em como fazer para chegar até lá, e nos grandes obstáculos que precisa superar.


Agora imagine quem vive constantemente essa situação e que todas essas dificuldades fazem parte de seu cotidiano?


Essa é a realidade a qual vem à mente quando se fala desta região.


A qualidade de vida dos moradores da Região é afetada brutalmente por um problema crônico e comum a toda região: a precária e escabrosa situação da estrada.


Segundo os moradores são cerca de 62 km de estrada vicinal que liga o povoado de Parada do Gavião a Campo Grande, sem contabilizar o trecho que liga o Centro do Hermógenes ao Centro do Zé Firmino.


A quantidade de povoados que dependem desta estrada são aproximadamente 30 (direta e indiretamente).


Os moradores lamentam e denunciam que historicamente a Região foi abandonada pelo poder público, que de fato, nunca se preocupou com o desenvolvimento social e econômico da Região.


Ainda, de acordo com os moradores, a Região é a segunda mais produtiva do município, e que contribui (enormemente) para a economia municipal, embora não tenha o apoio necessário ou nenhum do poder público.


A situação da estrada (que pode ser conferida in loco) é tão trágica a ponto de ficar intrafegável para veículos todos os meses de inverno, e até alguns do verão; onde a maioria das pontes estão totalmente quebradas, e há presença de buracos enormes em todo o percurso da mesma.



Quem tenta se deslocar de moto vive uma verdadeira aventura, pois há locais que mesmo para passagem de animais como burro, jegue e cavalo é muito difícil e perigoso.


Os cidadãos (ãs) da Região ao se locomoverem correm um risco constante de vida, pois o risco de acidente em condições como estas é muito grande.


Por conta disso, as pessoas de algumas comunidades se deslocam via rio por meio de voadeira, opção que é motivada pela necessidade, e que acarreta muitos riscos às crianças, adultos e gestantes (que nem sempre sabem nadar).


Este modelo de política representativa, e pior, paternalista, ao longo da história do município de Santa Luzia tem mudado a vida de grupos muito pequenos, deixando a própria sorte a grande maioria da população.


Isto fica claro quando um morador descrente com o modelo político-representativo diz viver na região faz cerca de 50 anos e que de quatro em quatro anos sempre ouve um monte de promessas, mas é só isso, as coisas cada vez ficam piores.


A exemplo da Região do Campo Grande, muitas comunidades no município vivem situações semelhantes, senão pior. As administrações ao longo de décadas em vez de serem recordadas por zelarem pelo bem-comum são constantemente lembradas por sucessivos escândalos de corrupção, pois se ocupavam inescrupulosamente somente em espoliar o seu povo.


A Constituição Federal em seu Art. 3ª diz que constitui objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: Constituir uma sociedade livre, justa e solidária; Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.


Fica claro, com o texto constitucional que a população da Região do Campo Grande tem seus direitos negados e violados.


É dever do Estado-representado aqui pela Administração Pública Municipal- prover uma vida livre e justa para o povo brasileiro.


Por fim, é sabido que há um grande problema na Região, o da escabrosa situação da estrada. E que a violação / negação deste direito inevitavelmente agrava mais a situação, pois, sem estrada a prestação de serviços básicos (que já são precaríssimos) como saúde, educação, assistência social, amparo ao idoso, proteção à maternidade e à infância, segurança, lazer, moradia e acessibilidade fica ainda mais comprometida. Um exemplo bem claro disto é o posto de saúde no povoado Campo Grande (com 642 habitantes), que segundo a comunidade está desativado por conta da ausência de médico e medicamentos.


E uma criança, um idoso e uma gestante que adoece de repente, o que fazer sem um transporte adequando, seguro e de rápida locomoção?


Às vezes, os moradores têm que apelar por uma prática muito antiga: carregar o doente na rede, o que em pleno século 21 é uma vergonha. Diante de tanta violação de direitos, descanso, ausência do Estado, o povo da Região decidiu não mais esperar por aqueles que sempre dizem que vão resolver os problemas, mas nunca o resolvem. A opção é pela democracia participativa, em que o exercício da cidadania como conquista de direitos é fundamental.


O cidadão é um sujeito que têm direitos, e deve ser respeitado como tal, pois uma vida e livre justa não deve ser privilégio de poucos, mas um direito assegurado a todos.