Quem teve ou tem alguma coisa para resolver nas comunidades da região do Campo Grande, certamente, passa muitos dias pensando em como fazer para chegar até lá, e nos grandes obstáculos que precisa superar.
Agora imagine quem vive constantemente essa situação e que todas essas dificuldades fazem parte de seu cotidiano?
Essa é a realidade a qual vem à mente quando se fala desta região.
A qualidade de vida dos moradores da Região é afetada brutalmente por um problema crônico e comum a toda região: a precária e escabrosa situação da estrada.
Segundo os moradores são cerca de 62 km de estrada vicinal que liga o povoado de Parada do Gavião a Campo Grande, sem contabilizar o trecho que liga o Centro do Hermógenes ao Centro do Zé Firmino.
A quantidade de povoados que dependem desta estrada são aproximadamente 30 (direta e indiretamente).
Os moradores lamentam e denunciam que historicamente a Região foi abandonada pelo poder público, que de fato, nunca se preocupou com o desenvolvimento social e econômico da Região.
Ainda, de acordo com os moradores, a Região é a segunda mais produtiva do município, e que contribui (enormemente) para a economia municipal, embora não tenha o apoio necessário ou nenhum do poder público.
A situação da estrada (que pode ser conferida in loco) é tão trágica a ponto de ficar intrafegável para veículos todos os meses de inverno, e até alguns do verão; onde a maioria das pontes estão totalmente quebradas, e há presença de buracos enormes em todo o percurso da mesma.
Quem tenta se deslocar de moto vive uma verdadeira aventura, pois há locais que mesmo para passagem de animais como burro, jegue e cavalo é muito difícil e perigoso.
Os cidadãos (ãs) da Região ao se locomoverem correm um risco constante de vida, pois o risco de acidente em condições como estas é muito grande.
Por conta disso, as pessoas de algumas comunidades se deslocam via rio por meio de voadeira, opção que é motivada pela necessidade, e que acarreta muitos riscos às crianças, adultos e gestantes (que nem sempre sabem nadar).
Este modelo de política representativa, e pior, paternalista, ao longo da história do município de Santa Luzia tem mudado a vida de grupos muito pequenos, deixando a própria sorte a grande maioria da população.
Isto fica claro quando um morador descrente com o modelo político-representativo diz viver na região faz cerca de 50 anos e que de quatro em quatro anos sempre ouve um monte de promessas, mas é só isso, as coisas cada vez ficam piores.
A exemplo da Região do Campo Grande, muitas comunidades no município vivem situações semelhantes, senão pior. As administrações ao longo de décadas em vez de serem recordadas por zelarem pelo bem-comum são constantemente lembradas por sucessivos escândalos de corrupção, pois se ocupavam inescrupulosamente somente em espoliar o seu povo.
A Constituição Federal em seu Art. 3ª diz que constitui objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: Constituir uma sociedade livre, justa e solidária; Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
Fica claro, com o texto constitucional que a população da Região do Campo Grande tem seus direitos negados e violados.
É dever do Estado-representado aqui pela Administração Pública Municipal- prover uma vida livre e justa para o povo brasileiro.
Por fim, é sabido que há um grande problema na Região, o da escabrosa situação da estrada. E que a violação / negação deste direito inevitavelmente agrava mais a situação, pois, sem estrada a prestação de serviços básicos (que já são precaríssimos) como saúde, educação, assistência social, amparo ao idoso, proteção à maternidade e à infância, segurança, lazer, moradia e acessibilidade fica ainda mais comprometida. Um exemplo bem claro disto é o posto de saúde no povoado Campo Grande (com 642 habitantes), que segundo a comunidade está desativado por conta da ausência de médico e medicamentos.
E uma criança, um idoso e uma gestante que adoece de repente, o que fazer sem um transporte adequando, seguro e de rápida locomoção?
Às vezes, os moradores têm que apelar por uma prática muito antiga: carregar o doente na rede, o que em pleno século 21 é uma vergonha. Diante de tanta violação de direitos, descanso, ausência do Estado, o povo da Região decidiu não mais esperar por aqueles que sempre dizem que vão resolver os problemas, mas nunca o resolvem. A opção é pela democracia participativa, em que o exercício da cidadania como conquista de direitos é fundamental.
O cidadão é um sujeito que têm direitos, e deve ser respeitado como tal, pois uma vida e livre justa não deve ser privilégio de poucos, mas um direito assegurado a todos.
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